segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quem conta mais um poema canta outro canto de nova mente em outro ponto do planeta


SONETO DE REPENTE

Un soneto me manda hacer Violante,
que en mi vida me he visto en tanto aprieto;
catorce versos dicen que es soneto:
burla burlando van los tres delante.

Yo pensé que no hallara consonante
y estoy a la mitad de otro cuarteto,
mas si me veo en el primer terceto,
no hay cosa en los cuartetos que me espante.

Por el primer terceto voy entrando,
y parece que entré con pie derecho,
pues fin con este verso le voy dando.

Ya estoy en el segundo, y aun sospecho
que voy los trece versos acabando;
contad si son catorce, y está hecho.


(Lope de Vega)




Ao Conde de Ericeira, pedindo louvores ao poeta não lhe achando ele préstimo algum.

 
Um soneto começo em vosso gabo;
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce agora a porca o rabo:
A sexta vá também desta maneira,
na sétima entro já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi?
Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais,
Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei.

Nesta vida um soneto já ditei,
Se desta agora escapo, nunca mais;
Louvado seja Deus, que o acabei.


(Gregório de Matos e Guerra)





Tercinhos epigramáticos a vosso gabo, Rodrigo Mendes, que não sabia estar o Poeta com Gregório na garupa do poema de Lope parodiandando

Se digo Rodrigo
e, depois, trigo;
pobre rima, arrimo.

Se somente digo
um nome, Rodrigo,
firo a rima, rico!

Mas, se a penas sigo
brincando, Rodrigo;
acabei um poema!


(Luiz Filho de Oliveira)

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